Após semanas de buscas intensas, os corpos do fotógrafo e montanhista brasileiro Edson Vandeira, de 36 anos, e dos alpinistas peruanos Efraín Pretel Álonzo e Jesús Huerta Picón foram encontrados na região do Nevado Artesonraju, na Cordilheira Branca, no Peru.
A confirmação foi feita por Beto Pinto, presidente da Associação de Guias de Montanha do Peru (AGMP).
Os três desapareceram no dia 1º de julho durante uma expedição técnica ao pico de 6.025 metros de altitude. O grupo, formado por estudantes do Centro de Estudos de Alta Montanha (CEAM), deveria ter retornado no mesmo dia, mas não houve mais contato. Na madrugada do resgate, a barraca do trio foi encontrada vazia, indicando que possivelmente alcançaram o cume, mas algo grave ocorreu durante a descida.
As buscas foram dificultadas por condições climáticas severas e terreno de difícil acesso. Equipes de resgate locais, guias experientes e voluntários internacionais participaram das operações. O envio de um helicóptero pelo Ministério de Defesa do Peru, solicitado pela AGMP, foi crucial para localizar os corpos.
Edson Vandeira era conhecido por suas expedições na Antártida e por suas contribuições fotográficas para publicações como a National Geographic . Ele residia no Peru, onde se dedicava à formação como guia e à fotografia de aventura.
A notícia do encontro dos corpos traz um misto de alívio e tristeza para as famílias e para a comunidade de montanhismo. Autoridades locais e brasileiras reforçam o compromisso de prestar assistência às famílias e continuar apoiando iniciativas de segurança em esportes de aventura na região.
Famílias cobraram ação do governo e organizaram campanha
Desde o desaparecimento do montanhista brasileiro Edson Vandeira e dos dois alpinistas peruanos, familiares se mobilizaram em busca de apoio institucional e recursos para acelerar as buscas.
A mãe e a irmã de Edson viajaram ao Peru e acompanharam de perto os trabalhos das equipes de resgate em Huaraz, cidade-base para expedições na Cordilheira Branca. O pai do montanhista, José Edson Pereira Costa, que permaneceu no Brasil, cobrou agilidade por parte das autoridades.
A família também articulou uma carta aberta ao Itamaraty, com apoio de 18 entidades ligadas ao montanhismo brasileiro, como a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) e federações estaduais. No texto, os signatários pediram atuação diplomática junto ao governo do Peru e destacaram que o tempo era determinante para um possível resgate com vida.
Além dos pedidos formais, uma campanha de arrecadação on-line foi lançada para custear os trabalhos de busca. Em menos de 24 horas, foram arrecadados mais de R$ 27 mil, com meta de R$ 50 mil.
A pressão feita por familiares, guias e voluntários contribuiu para que o governo peruano enviasse um helicóptero militar à região, fator considerado decisivo para a localização dos corpos.